quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Não é o fim do mundo.


 

   Ele havia prometido que iria vir me ver neste mês de Agosto, fez-me acreditar e até marcar os dias no calendário; entretanto ele não cumpriu sua palavra e inexiste sequer um indício de que tentou cumprir. O que mais me entristece foi ele ter me iludido e me dado falsas esperanças quando deveria ter me libertado, usado da crua verdade, mesmo que isso pudesse me magoar momentaneamente. Ao invés dele dizer que nunca mais teria tempo para mim, ele disse que faria o possível para me ver.

Eu gostaria que ninguém nunca prometesse o que não pode cumprir. Eu esperei cada dia e cada mês, que tanto pareciam passar cada vez mais lentamente. Foi uma tortura esperar, mas pior do que isso é saber que ele sabia que não viria e que iria me magoar.

Meu sentimento verdadeiro fez com que eu me sentisse com o coração dilacerado quando eu encontrei o pai dele sozinho, desacompanhado, e então eu percebi que ele não queria mais ir ali para me ver. Creio que unicamente Deus sabe o que eu senti e o quanto eu queria chorar naquele momento estranho e vazio. O pior foi ter que fingir que nada estava acontecendo, precisar disfarçar meus tremores para o pai dele não perceber meu desespero e ter que sorrir para a foto que o tio dele tirou; mas depois eu passei a enxergar o lado bom da decepção, que é uma grande forma de acordar.

Resolvi esquecê-lo quando percebi que havia jogado fora quase quatro anos da minha vida, quando enxerguei tardiamente que eu me afastei das pessoas que talvez merecessem a oportunidade de tentar ocupar o lugar vago em minha vida. Não que alguém fosse o substituir, sempre será um caso único e particular, mas ele nunca será tão especial quanto um dia eu sonhei. Resta então a frustração. Não a de ter errado e sim a de não ter tido chance de tentar. Mas a decepção me dá forças para mudar, faz com que eu sorria mesmo quando estou sem vontade e liberta-me do que não me faz bem.

Confesso que no começo eu me senti culpada quando resolvi aproveitar mais o presente que não o incluía - eu fiquei muito presa ao passado, eu ainda o amava - mas o certo era eu aceitar o fato de que sou livre para fazer tudo que eu quiser e que não quebre as leis divinas. Como diz o texto "Urgência de viver" de Rabino Henry Sobel: "É hora de viver!" Rir é relaxante, literalmente. Por isso, não posso e nem quero mais depositar a minha felicidade e alegria em quem não se preocupa mais em não me decepcionar.

Ele foi somente a minha utopia, o meu projeto irrealizável. Eu até cheguei a pensar que fosse morrer quando o perdesse de vez, mas desistir dele foi bom e deu rumo aos meus passos. Acabei sofrendo por antecedência e essa foi a pior parte, foi inútil eu ter chorado e ter feito tanto drama; já que quando eu finalmente enxerguei que nunca o teria, percebi também que isso não era nem de longe o fim do mundo.

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