quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O que é a saudade?



    Uma das coisas mais difíceis de ser definida - ou melhor - não há real definição, é a saudade. Fácil de sentir, quase impossível de se entender. Em muitos momentos, o presente não é o bastante. Isso ocorre pelo fato de algo - não necessariamente bom - ter ficado para trás, ou quem sabe ainda estar à sua frente; mas se é momentâneo, não é o bastante.
A saudade no fundo é um tipo de medo. Medo de não conseguir ser - ou pensar que é - feliz como um dia foi; medo de nunca mais ver alguém; medo de não poder mais sentir o que sentiu e ficar preso a uma limitação. Medo, medo e medo.
Há tantos exemplos, que com certeza gastaria todo o meu tempo de agora, que quem sabe um dia - talvez - perceberei que foi saudoso. Medo. Cada um tem seus temores, então darei um exemplo mais objetivo - ou não - quem sabe mais generalizado. Pense na morte e na sua imponência. Essa sim dói, já que quando você não pode fazer nada para mudar um fato, ele estatiza no passado, irreversível por você, dando-te somente uma opção: Saudade!
Há várias interpretações, mas na minha, somente pode se ter saudade daquilo que não depende de nós. Se podemos ter, buscar, refazer, guardar e não o fazemos, não é saudade, é preguiça!

sábado, 9 de outubro de 2010

Flor de Narciso




Acordo todos os dias bem cedo,

pondo-me a admirar a beleza
- julgada por ela mesma -

como incomparável e sensacional.

Ter tanta beleza,

a fazia sentir-se superior a qualquer mortal.
 
Sua pele é alva, aparentemente macia.

Tem tanto cuidado com ela, que eu nem posso tocar.

Somente poder vê-la, dá-me a sensação

de deitar sem nunca conseguir sonhar.
 
Lembro-me do nosso namoro,

depois de um beijo, ela logo ia conferir o cabelo.

As lindas palavras, ela nem sequer as escutou.

Somente observou a aliança que coloquei em seu dedo.
 
Meu coração disparou,

mas ela só escutava o ronco do motor do carro.

Não lhe importava todo o aconchego,

mas somente o fato de que era caro.
 
Segurei suas mãos.

Lembro-me de quando senti seu calor.
Logo ali já divergiam,
nossas ideias do real valor.


Hoje eu me pergunto,

o que nela tanto me conquistou.

Do que importa o rosto lindo,

se nada do que me disse, um dia me agradou?
 
Enquanto eu pensava,

ela se levantou e foi ao banheiro.

Eu nunca consegui compreender,

tamanha atração pelo espelho.

Ali ela se via.
Com isso se contentava.

Ela e ela.

Nada mais lhe importava.
 
O nome disso,

não é vaidade.

É algo que prova,

que o mito de narciso é verdade.


Ela sozinha, tinha a si.

Eu não era mais preciso.

Sempre me lembrarei dela,
como minha flor de narciso.
 
Decidi ir embora,
foi um grande erro por ela me apaixonar.
Atraída pela ilusão da imagem
ela era, na verdade, incapaz de amar.