Ventania Silente
"Maris acordou logo cedo, aquele seria mais um novo dia. Abriu as cortinas e deixou a luz cinzenta invadir a obscuridade de seu quarto, permitiu que entrasse para lhe fazer companhia.
O som vindo do oboé de madeira - ou melhor, da recordação que tinha - ainda atormentara seus sentidos, sentenciando-a como infeliz refém da saudade.
Sozinha, sem mais melhores alternativas, aproxima-se da janela e turva a vista, conseguindo enxergar na forma das nuvens o oboísta de ilusões. Ele não estava realmente lá, mas ela preferia pensar que sim e enganar os próprios olhos.
Sorriu verdadeiramente, como a tempos não conseguira. O sopro do instrumento, sem nem mesmo emitir frequência alguma, invadia sua alma, tal que agora sorria junto ao corpo - ou mais que ele.
Havia presença, mas precisava de ruído. Subiu na grade, querendo alcançar sua maior nota, porém a voz não saía. Agarrou-se à coragem, mas tal não a segurou: Infelizmente caiu!"
Acordou assustada, ainda não tinha amanhecido. Abriu a janela e percebeu que chovia - chovia muito. Noite escura, fria como sua alma, tão turbulenta e assustadora quanto os raios. Porém, ainda assim, silenciosa.
Aprisionada no som de seus próprios devaneios, tinha que acostumar-se com o vento silente: Atormentador e quieto, causador de medo e de arrepio.
O jeito foi fechar a janela, talvez a saudade seria para sempre seu martírio.
Tão profundo...tão profundo que senti dentro do peito, o vazio de saber que há alguém lá, mas ao mesmo tempo..não há.
ResponderExcluirLindo, irmã, lindo, como todos os outros!
Amo você s2