sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cansada

Eu novamente enchi-me de alegria. Você estava ali conversando comigo; talvez seja humilhante confessar, mas o mínimo essencial para eu não enlouquecer é ter algum contato contigo, por menor que seja. Você não estava bem e isso é um tanto raro. Estremeci-me. Tua ponta de tristeza multiplicava seu efeito em mim, fazendo-me infeliz. Chorei. Chorei por não saber usar as palavras, pois elas são insuficientes. Chorei por não poder dizer coisas do tipo "conta comigo", porque de fato não poderei estar ao teu lado. Estou impedida de olhar em teus olhos, ficar calada, puxar-te até meus braços e enxugar tuas lágrimas. E se eu não sou capaz disso, eu não sou eu, sou apenas um fantasma, uma alma que não pode ajudar e ainda assim não aceita desapegar e seguir a luz. Então, imersa em desassossego, fico ali no canto direito, assombrando-te. E minha covardia não me deixa simplesmente ir embora. Não consigo seguir meu caminho, não me deixo cumprir minha sina de ser uma eterna fênix que pega fogo e renasce das cinzas, pronta para uma nova jornada. Entre uma ineficaz palavra de conforto e outra, após uma troca de assunto e uma seguinte conversa fortuita, adormeci. Sim, peguei no sono enquanto ainda conversava contigo. Adormeci agarrada ao aparelho mensageiro que pode ser para sempre nosso único contato. Já ficamos até horas tão improváveis acordados, brincando e compartilhando segredos, que para mim é estranho simplesmente apagar enquanto conversamos. Talvez eu estivesse cansada demais. É isso. Estava cansada de tecnologias - redes socias, Wi-Fi ou 3G - não dá para compartilhar sentimentos via Bluetooth! Estava cansada de só poder conversar contigo usando os dedos. Estava cansada de contato virtual, de te ter online sem te ter presente. Estava cansada de saber que as palavras eram vazias - e continuariam a ser. Estava cansada de estar triste - e você nem perceber. Estava cansada dessa história toda - cansada dessa história de "eu e você". Cansada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário