sábado, 9 de outubro de 2010

Flor de Narciso




Acordo todos os dias bem cedo,

pondo-me a admirar a beleza
- julgada por ela mesma -

como incomparável e sensacional.

Ter tanta beleza,

a fazia sentir-se superior a qualquer mortal.
 
Sua pele é alva, aparentemente macia.

Tem tanto cuidado com ela, que eu nem posso tocar.

Somente poder vê-la, dá-me a sensação

de deitar sem nunca conseguir sonhar.
 
Lembro-me do nosso namoro,

depois de um beijo, ela logo ia conferir o cabelo.

As lindas palavras, ela nem sequer as escutou.

Somente observou a aliança que coloquei em seu dedo.
 
Meu coração disparou,

mas ela só escutava o ronco do motor do carro.

Não lhe importava todo o aconchego,

mas somente o fato de que era caro.
 
Segurei suas mãos.

Lembro-me de quando senti seu calor.
Logo ali já divergiam,
nossas ideias do real valor.


Hoje eu me pergunto,

o que nela tanto me conquistou.

Do que importa o rosto lindo,

se nada do que me disse, um dia me agradou?
 
Enquanto eu pensava,

ela se levantou e foi ao banheiro.

Eu nunca consegui compreender,

tamanha atração pelo espelho.

Ali ela se via.
Com isso se contentava.

Ela e ela.

Nada mais lhe importava.
 
O nome disso,

não é vaidade.

É algo que prova,

que o mito de narciso é verdade.


Ela sozinha, tinha a si.

Eu não era mais preciso.

Sempre me lembrarei dela,
como minha flor de narciso.
 
Decidi ir embora,
foi um grande erro por ela me apaixonar.
Atraída pela ilusão da imagem
ela era, na verdade, incapaz de amar.

Um comentário:

  1. Lindo!! *-------*
    Continue sempre nesse caminho q vc vai longe! *-*
    e qem sabe vc e mtos ainda podem mudar o mundo escroto q a gente vive =]
    bjaao ;*

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